Incidência de Constipação no Uso de Análogos de GLP-1 e GIP
Muito se fala sobre o uso dessa classe de medicações no emagrecimento, mas é importante lembrar que os análogos de GLP-1 e GIP vão muito além disso. Estudos mostram que eles estão revolucionando a medicina — não apenas no tratamento do diabetes tipo 2, mas também na redução da incidência de eventos cardiovasculares, na diminuição […]
Muito se fala sobre o uso dessa classe de medicações no emagrecimento, mas é importante lembrar que os análogos de GLP-1 e GIP vão muito além disso. Estudos mostram que eles estão revolucionando a medicina — não apenas no tratamento do diabetes tipo 2, mas também na redução da incidência de eventos cardiovasculares, na diminuição de internações hospitalares e, claro, na perda de peso.
No entanto, como todo tratamento, esses medicamentos também apresentam efeitos colaterais que precisam ser discutidos de forma clara.
Constipação: um efeito adverso frequente
Estudos clínicos demonstram que os efeitos gastrointestinais são os mais comuns com o uso dessa classe, o que faz sentido, já que sua principal área de atuação é o trato digestivo. Entre esses efeitos, a constipação merece destaque.
Uma meta-análise publicada no periódico Nature (2025) mostrou que o uso de semaglutida, liraglutida e tirzepatida aproximadamente duplica o risco de constipação em comparação ao placebo.
Frequência relatada em ensaios clínicos:
– Semaglutida (Ozempic®, Wegovy®): 20–30%
– Liraglutida (Saxenda®, Victoza®): 10–20%
– Dulaglutida (Trulicity®): 5–8%
– Tirzepatida (Mounjaro® – agonista duplo GLP-1/GIP): 11–16%
– Meta-análises: risco 2 a 3 vezes maior de constipação em comparação a não usuários. Por que isso acontece?
Essas medicações diminuem a velocidade do trânsito intestinal, retardam o esvaziamento gástrico e podem até alterar a microbiota intestinal, o que contribui para o aparecimento da constipação.
Além disso, a inapetência (falta de fome) que muitos pacientes relatam durante o tratamento pode levar a uma diminuição do consumo de fibras e líquidos, fatores que agravam ainda mais a dificuldade para evacuar.
Como minimizar a constipação?
Diversos estudos sugerem medidas simples e eficazes para reduzir esse efeito adverso: – Manter ingestão adequada de líquidos ao longo do dia
– Garantir consumo suficiente de fibras na dieta (frutas, verduras, cereais integrais)
– Ajustar a qualidade dos carboidratos, priorizando aqueles mais ricos em fibras
– Acompanhamento médico regular, para monitorar sintomas e orientar estratégias individualizadas
Em resumo: os análogos de GLP-1 e GIP representam um grande avanço na medicina moderna, mas a constipação é um efeito adverso frequente que precisa ser abordado com atenção. Com orientação adequada, é possível manter os benefícios da medicação e minimizar o desconforto intestinal, garantindo adesão e segurança no tratamento.
Referências
- Qiu M, Ding LL, Zhan Y, Li T, Han H, Zhan Y. Glucagon-like peptide-1 receptor agonists and adverse gastrointestinal events in patients with type 2 diabetes: a systematic review and meta-analysis. Front Endocrinol (Lausanne). 2023;13:1035931. doi:10.3389/fendo.2022.1035931.
- Liu J, et al. Efficacy and safety of GLP-1 receptor agonists for weight loss in overweight or obese adults: a systematic review and network meta-analysis. Int J Obes (Lond). 2025;49(2):365-378. doi:10.1038/s41366-025-01859-6.
- Jabbour S, et al. Gastrointestinal adverse events associated with GLP-1 receptor agonists in clinical trials and real-world studies. Diabetes Metab J. 2023;47(3):307-321. doi:10.4093/dmj.2023.0169.
- Nauck MA, Meier JJ. Tirzepatide, a dual GIP/GLP-1 receptor agonist: is dual incretin therapy the next step in diabetes care? Cardiovasc Diabetol. 2022;21(1):163. doi:10.1186/s12933-022-01604-7.
- Lee YS, Jun HS. Mechanisms of GLP-1 receptor agonist-induced gastrointestinal adverse effects. Front Endocrinol (Lausanne). 2025;16:1548346. doi:10.3389/fendo.2025.1548346.

Dra. Amanda Fujii Geld
Founder & CHO da Allevio
CRM-MS 8550
Especialização em cardiologia pela Beneficência Portuguesa de São Paulo
Especialização em Cardiogeriatria pelo INCOR HCFMUSP